terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Rota 54 - Izumo a Hiroshima



Pela rota 54 - De Izumo a Hiroshima

 


30/12, 3 da manhã, minha magrela levou-me a Hiroshima. Tempos atrás, escutei brasileiro criticar mal sobre a escalada do Mt Fuji por um conhecido. Não sabia qual a graça de tamanho esforço pela vista e fotos. Pelo caminho noturno, foi preciso estar atento apesar da quase inexistência de veículos. Iluminação? Nada de coisa sofisticada. Adaptei um farolete de pilha no guidão e foi eficiente. Subindo a montanha, os dedos das mão e pés ficaram dormentes. Muito frio! Sempre odiei o inverno por conta do frio. Parece que a pressão cai. Sinal de que não posso parar a fim de manter o corpo aquecido. A rota 54, na região de Shimane apresenta muita mata e pequenas propriedades rurais. Na região de Hiroshima, muitas edificações, principalmente ao se aproximar da cidade. Paradas obrigatórias ao encontrar kombini pelo caminho. Um dia, devo ser multado por pedalar com uma mão no guidão e a outra segurando um onigiri para comer pedalando.....Próximo ao topo da montanha estava o sol, velho parceiro de estrada. Ainda bem. Já tinha uma película de gelo no capacete e o choque térmico da minha mão com a garrafa de coca cola provocou um pouco de gelo....Tava muito frio! Pensando na montanha, só pessoas determinadas para ficarem por lá sem conforto por algum objetivo. Musashi foi um deles com a finalidade de ser o maior samurai do JP. Escreveu O livro dos cinco anéis, já utilizado no mundo corporativo, e teve influência no Oyama, criador do Kyokushin Karate. Este realizou seu treinamento nas montanhas. Esses sim, são caras determinados. Depois do túnel que separa Shimane e Hiroshima, muita descida. Aí, todo santo ajuda! Nos últimos 25 Km antes de chegar a cidade, parei. Era 5 da tarde mas estava escurecendo rápido. Muitos carros e a estrada possuía grande inclinação. Preferi montar a barraca ao lado de um restaurante fechado e dormir. 1 da manhã, sem movimento, fui embora. Cheguei em Hiroshima ainda de madrugada. A 70 anos atrás, foi destruída pela bomba lançada pelos americanos. A 600 metros da superfície, a bomba foi detonada com a finalidade de alcançar poder maior de destruição. Deve ter sido inferno dantesco. Hoje, reconstruída, é uma grande cidade. Pensei na crítica do rapaz sobre a escalada feita no Mt Fuji por um colega.. Cada cabeça uma sentença. Da minha parte, assim como no dia-a-dia, pelo caminho escuro da rota 54, encontrei dificuldades e incertezas. Meus 20 anos ficaram em algum lugar do passado e velhos machucados não foram motivo para desistir, mesmo porque sou teimoso. Ficando velho? hahaha! Problemas estão aí para serem resolvidos e todo projeto, mesmo uma viagem, envolve algum risco. Neste caso, o retorno ofereceu boas fotos e lembranças. Minha magrela carregou somente o que era preciso. Para vivenciar uma viagem foi o que bastou. Uma bicicleta, barraca, lua cheia, estrelas, sol e um monte de onigiri! Talvez a graça é conhecer o seu limite e ir um pouco mais além do possível. Hiroshima tem disso. Da destruição total está aí seguindo seu caminho.

Frio pela região da montanha





Rota 54 em Shimane




Divisa entre Shimane e Hiroshima



Rota 54 pelo lado de Hiroshima











Hiroshima - Praça da Paz
















                                  Sadako Sasaki, vítima da chuva radiotiva, morta aos 12 anos.

                                      











                                          Homenagem aos estudantes mortos

                                           Prédio que pertenceu a prefeitura, relacionada a indústria, detalhes da destruição.











Expressão de dor e sofrimento




Vídeo simples




Soboro de frango e tingensai